O material apresentado nesta seção do Blog, deve ser lido e considerado em seu contexto histórico e sua relevância para a formação do pensamento social, político, e até o teológico da sociedade moderna e dos diversos momentos da história da humanidade. Isto, entretanto, não significa dizer que subscrevo todas as idéias contidas nos textos e livros aqui publicados, mas apenas que reconheço a importância que exerceram e exercem sobre a história de todo o pensamento ocidental. Creio que todos terão o discernimento e filtro característicos daqueles que possuem a mente de Cristo, levando ainda, em consideração, o ensinamento de 1 Tessalonicenses 5:21 - Examinai tudo. Retende o bem.


VOCÊ NÃO ESTÁ NA PÁGINA PRINCIPAL. CLIQUE AQUI PARA RETORNAR






domingo, maio 28, 2006

PROTÁGORAS E OS PORCOS - O Homem é a Medida de Todas as Coisas?

Na década de 1980, o astro pop Sting, em seus esforços para salvar as florestas tropicais, fez uma campanha pelos direitos dos índios Caiapós da Amazônia de preservar sua maneira de viver. Solicitou ao presidente do Brasil que estabelecesse uma reserva para esses índios e obteve sucesso: em 1991, foi concedida à tribo uma área protegida de cerca de 40.000 km². Mal o acordo fora concluído, porém, os chefes caiapós começaram a fechar negócios com companhias mineradoras e madeireiras. Isso lhes propiciou fortunas de muitos milhões de dólares que , ao que se diz, gastaram com casas, carros e aviões, pouco proporcionando aos demais índios de suas aldeias. Apesar de ilustrar a ingenuidade de um lado e o cinismo do outro, essa parábola tem uma moral positiva. Mostra que os seres humanos empenham-se por coisas muito parecidas, por mais que estejam divididos por abismos culturais. Foi mais fácil universalizar o gosto por fast food e automóveis que chegar à globalização dos direitos humanos, mas isso já é um começo. Alguns moralistas sugerem que a razão por que ainda não atingimos essa panacéia é porque não há valores universais aplicáveis a todas as pessoas em todas as culturas. Sustentam que, na verdade, uma maneira de fazer as coisas é tão válida quando qualquer outra, e ações só são certas ou erradas com referência a um sistema cultural particular. Essa é a doutrina do relativismo. Radicalizando ainda mais, os relativistas de hoje afirmam que cada indivíduo cria seu próprio sistema de valores. A noção de que “tudo é questão de opinião” é lugar-comum. Todos têm direito às próprias crenças, declara-se, e a perspectiva de uma pessoa não é mais nem menos correta que a de qualquer outra.



O pai do relativismo foi Protágoras. Nascido na Trácia por volta de 485a.C., foi o primeiro dos sofistas gregos antigos, retóricos errantes que transmitiam sabedoria a troco de dinheiro. A modalidade particular de sabedoria que os sofistas endossavam era do tipo que permitia aos fidalgos gregos impor seus pontos de vista nas assembléias legislativas e nos tribunais de justiça. Um bom sofista conseguia ganhar uma discussão mesmo estando errado. Não contente, o retórico siciliano Górgias (483-378a.C.) garantia que o conhecimento do assunto em debate também era desnecessário, pois toda opinião é falsa e as palavras não têm nenhum significado fixo, só servindo para lisonjear e persuadir. Por essa razão, os sofistas não são considerados filósofos no verdadeiro sentido da palavra. Mas não deveríamos descarta-los como salafrários, uma vez que seu ethos baseava-se em uma desconfiança da chamada Verdade objetiva. Isso, implicitamente, já era uma posição filosófica, e uma posição que teve de esperar até os dias de hoje para renascer.



Protágoras, que parece ter sido o mais celebrado de todos os sofistas, acumulou uma grande fortuna com as altas taxas que arrecadou durante seus quarenta anos de carreira. Dotado de genuíno talento para a poesia, a gramática e a jurisprudência, elaborou pessoalmente um projeto de constituição para a colônia grega de Túrio no sul da Itália. Festejado pelos atenienses em sua primeira visita à sua cidade, acabou, porém, por ser exilado em 415a.C., por ter escrito o primeiro panfleto agnóstico de que se tem notícia. “Com relação aos deuses”, ele iniciava, “não posso ter certeza de que existem ou de que não existem, nem de como são em aspecto; pois são muitas as coisas que impedem o conhecimento seguro – a obscuridade do conhecimento e a brevidade da vida humana.” Protágoras morreu cinco anos depois, prestes a completar setenta anos, quando o navio que o levava para a Sicília se perdeu no mar. Seus livros foram queimados publicamente e restaram poucos fragmentos de sua obra. Sabemos de suas idéias principalmente através dos escritos de outros pensadores, entre os quais Platão, em cujos diálogos figura, embora apenas para ser demolido por Sócrates.



A mais famosa doutrina de Protágoras afirmava que “o homem é a medida de todas as coisas”, significando que não há verdade exceto aquela percebida pelo homem. O fundamento dessa idéia consiste em que nada no mundo pode confirmar sua natureza por si mesmo. É por sua interação com outras coisas que adquirem natureza própria. Nada é simplesmente – todas as coisas estão num processo de vir a ser, e esse vir a ser reside em tornar-se relativo a alguma outra coisa. A cor branca, por exemplo, não está nem dentro nem fora de nossos olhos. É na verdade, o resultado de uma interação entre nós e algo que percebemos. Esse seria o caso de toas as qualidades perceptivas. Se o vento parece quente para mim o e o frio par você, ele é ao mesmo tempo quente-para-mim- e frio-para-você. Isso não significa que o vento seja ao mesmo tempo quente e frio, apenas que não possui uma temperatura em si, mas só em sua relação com aqueles que o sentem. O modo como algo é percebido diz respeito a esse objeto e à pessoa que o percebe, a mais ninguém. O fato de um outro sujeito julgar o vento frio não faz com que este deixe de parecer quente para mim. Como as coisas só adquirem sua natureza específica no modo como são percebidas por alguém, nunca se pode dizer que estou errado no modo como percebo algo. Não posso ser desmentido pela natureza do objeto, já que, sem minha percepção, ele não tem natureza alguma, tampouco posso ser desmentido pelo testemunho de outros, já que as percepções deles não têm relação alguma com a minha.



Surge aqui um problema imediato: existem pessoas claramente malucas. Uma pessoa pode achar que é Napoleão, mas isso não faz dela o conquistador da Península Ibérica. Na concepção de Protágoras, esse sujeito realmente poderia ser Napoleão para si mesmo, pois “Napoleão” e seus psiquiatras estão percebendo duas coisas diferentes, e não discordando acerca da mesma coisa. Isso porque a natureza de uma coisa é determinada por uma interação entre o objeto e quem o percebe, e percebo de maneira diferente quando estou insano e quando estou mentalmente são. Assim sendo, Protágoras conclui que nenhuma de suas percepções pode jamais ser errônea e que uma crença falsa é de fato impossível.



Nesse ponto, no diálogo Teeteto de Platão, Sócrates pergunta a Protágoras por que deveria se contentar em dizer que os juízos de todos os seres humanos são iguais. Não seria isso injusto em relação aos porcos, por exemplo? Por que não poderiam os julgamentos de suínos ser tão válidos quanto os dos seres humanos? Protágoras optou por engolir essa estocada, embora logo tenha cuspido de volta. Respondeu que os porcos tinham todo o direito às suas próprias opiniões, contanto que fossem capazes de tê-las. Infelizmente, isso significaria que os discípulos de Protágoras estavam pagando um bom dinheiro para aprender opiniões que não eram mais sábias que as de um porco. Não obstante, Protágoras proclama-se um profundo conhecedor da virtude e dizia-se capaz de ensinar um conhecimento especial. Como as percepções de todo mundo são igualmente verdadeiras, sustentava o sofista, a sabedoria devia consistir não em fazer bons julgamentos, mas em alguma outra coisa. É mais sábio e melhor sustentar certas opiniões que outras, dizia ele, não por serem elas mais verdadeiras, mas por serem mais benéficas para as vidas dos que as sustentam. Certas crenças proporcionarão mais sucesso a uma pessoa no direito e na política, por exemplo, e eram essas que Protágoras transmitia mediante pagamento.



No entanto, um mestre tão sábio quanto Protágoras podia cometer erros ou induzir alguém a um (erro). Segundo uma história apócrifa, certa vez ele deu aulas a um rapaz mediante o seguinte acerto: abriria mão do pagamento se o discípulo não vencesse seu primeiro processo no tribunal de justiça. O primeiro processo do discípulo foi um movido pelo próprio Protágoras para garantir o recebimento de seus honorários. Talvez o rapaz tivesse tentado enredar seu mestre num dilema – ou ganharia o processo e não teria de pagar; ou perderia, e Protágoras, para ser fiel à sua palavra, não poderia exigir remuneração. Caso o mestre quebrasse sua promessa, o aluno não consideraria suas lições muito benéficas. Tampouco encontraria algum consolo no fato de que sua confiança em Protágoras fora verdadeira para ele mesmo naquele momento. De fato, teria errado precisamente porque a verdade de sua crença não era uma verdade relativa, que dependia de suas percepções – as quais haviam sido inteiramente cegas ao fato de que o mestre preferia receber honorários a cumprir promessas. Não precisamos manchar mais a reputação de Protágoras para encontrar exemplos paralelos. As pessoas frequentemente cometem erros com relação ao que é bom para elas. Quando estamos doentes, o julgamento de um médico sobre o que nos fará bem é em geral mais confiável que o nosso próprio. Isso porque o diagnóstico de um médico tem maior probabilidade de ser verdadeiro que o nosso, e não apenas verdadeiro para o médico, mas verdadeiro em si.



Se Protágoras não tivesse um interesse pessoal em defender suas qualificações como mestre, poderia ter sustentado sem ressalvas a idéia de que nenhum de nós é em nada mais sábio que porcos ou, no mínimo, que ninguém é mais sábio que ninguém. Afinal, há muita gente por aí que rejeita a opinião de europeus brancos mortos do sexo masculino como produto tendencioso de um programa político tacanho. Outros preferem formas de terapia alternativa às prescritas pela medicina ocidental convencional. Pessoas mais generosas admitem que tanto médicos qualificados quanto europeus brancos mortos do sexo masculino têm direito às suas opiniões. A idéia aqui é que a verdade, como tudo o mais, é uma questão de gosto, e que todos têm o direito de escolher sua maneira de ver as coisas, não tendo por que se sujeitar às opiniões de outrem. Há, porém, uma maneira de ver as coisas, em particular, que não se ajusta a essa concepção de verdade e sustenta a noção de que o relativismo é incorreto. Se todos têm direito à sua opinião, o que o relativista pode dizer quando a opinião de outra pessoa é que a verdade não é relativa? Se essa idéia alternativa não for tão válida quanto qualquer outra, será igualmente verdadeiro que o relativismo é falso.



A defesa do Relativismo não pode ser formulada sem paradoxo. Ou o relativismo deve ser tão falso quanto é verdadeiro, ou será preciso desenvolver uma argumentação especial em prol da sua verdade. Mas se a idéia de que a verdade é relativa for um fato objetivo, e não mera opinião, como pode a verdade ser mais que uma questão de gosto também em outras esferas? A crença de que diferentes sistemas morais podem conduzir as sociedades igualmente estáveis e felizes repousa nas experiências de viajantes e antropólogos. Ao aceitar suas descobertas, endossamos o método de observação que os conduziu a elas. Esse método, contudo, é transferível para outras disciplinas e áreas em que talvez não produza conclusões relativistas. Economistas que visitaram tanto a Alemanha Oriental quanto a Alemanha Ocidental na década de 1980 puderam julgar facilmente pelo que viram à sua volta que uma economia planejada não é tão eficaz em gerar riqueza quanto o livre mercado. O relativismo é refutado sempre que se admite que uma verdade em qualquer área é não-relativa, e isso inclui a área do próprio relativismo. O relativista deseja o impossível, mas não é possível afirmar, sem contradição, que o relativismo é objetivamente verdadeiro e que a verdade não é objetiva. É uma sorte que seja assim, pois há crenças piores do que a de que somos Napoleão. Não nos agradaria dizer que alguém como Adolf Hitler tinha direito às suas opiniões, ou que estas não eram menos verdadeiras que as de qualquer outra pessoa.



As conclusões mais amplas a que Protágoras chegou talvez se contradigam, mas não resta dúvida de que ele tocou num ponto importante. Trata-se da idéia de que toda verdade exige algum tipo de medida. As verdades não são verdadeiras ou falsas em si, mas dentro de um sistema de pensamento ou segundo certas regras que põem sua veracidade à prova. Esse seria o caso mesmo que só houvesse uma única medida objetiva da verdade. É inequivocamente verdadeiro que dois mais dois são quatro, mas isso somente porque, quando aplicamos as regras da adição corretamente, o resultado é sempre quatro. O valor de um par de sapatos, por outro lado, pode ser diferente segundo ele seja dado a um mendigo ou a um rei, mas nos dois casos esse valor é um valor para alguém. Em ambas as situações, a medida da verdade é externa àquilo que ela avalia. De que modo podemos avaliar a própria medida, é uma outra questão, e nem sempre é fácil responde-la. Certamente não seria adequado dizer que essa medida é simplesmente a “realidade” ou “o modo como as coisas são”, já que o modo como intuímos a natureza das coisas é precisamente o que está em questão.



O problema é especialmente importante na esfera dos valores morais. As crenças das pessoas quanto ao que é certo e errado variam segundo a cultura em que vivem ou foram criadas. Na República Irlandesa, o abordo é considerado um pecado mesmo que a vida da mãe esteja em risco, ao passo que na China é considerado um dever moral a bem do controle populacional. É tentador concluir que a responsabilidade moral pertence em última instância à sociedade em que vivemos. Esse mesmo pensamento leva muita gente a pregar uma tolerância incondicional a outras culturas. Mas o fato de haver muitos sistemas morais diferentes não justifica essa posição, pois a tolerância é apenas mais um valor social, que pode ou não ser correto em dada cultura. Sugerir que ela tem um alcance maior que esse é admitir que haja leis mais elevadas, situadas acima daquelas das culturas individuais do mundo. Há também um elemento incoerente nesse raciocínio, uma vez que não toleramos culturas como o nazismo. No entanto, o nazismo foi um sistema moral completo, com seus próprios padrões de certo e errado, suas próprias práticas, suas tradições nascentes, ainda que fosse um sistema em que o ódio racial era uma virtude. A tolerância cultural, como a compreendemos no Ocidente, pode ser algo excelente, mas é logicamente oca caso se aplique apenas a culturas que não se desviam demasiadamente da nossa. Pior, por vezes nos recusamos a ver certos aspectos em que outras culturas divergem da nossa e somos tolerantes quando talvez não devêssemos. Muitos dos que visitaram a Rússia soviética e a China de Mao admitiram que os russos e os chineses tinham “seu próprio modo de fazer as coisas” na época, ainda que isso pudesse envolver repressão e assassinato em massa. E não são apenas as ditaduras militares que negam às pessoas seus direitos humanos básicos; muitas tribos que habitam as florestas e seitas religiosas também o fazem. Seja como for, após observar as múltiplas culturas do mundo, muitos de nós não podemos evitar o sentimento de que deveríamos ser tolerantes para com elas e nos abster dos piores excessos de chauvinismo patriótico. Mesmo que acreditemos que há uma única maneira correta de fazer as coisas (ou pelo menos a melhor), talvez não possamos ter tanta certeza assim de que é a nossa própria cultura que está correta.



Ao mesmo tempo, afirmar que todas as culturas são igualmente válidas é negar a idéia de qualquer tipo de progresso moral. Há quinhentos anos, os europeus estavam se queimando uns aos outros na fogueira em nome da moral. Não hesitamos em condenar esse comportamento como iníquo. Por que então deveríamos ter uma reação diferente se pessoas de uma cultura do outro lado do mundo revivessem essa prática hoje? O que nos permitiria condena-las seria uma idéia do que é bom para todos os seres humanos individuais como criaturas que pensam e sentem. Embora haja enorme diversidade cultural pelo mundo, convém não esquecer que todas as culturas têm muito em comum. Por exemplo, é difícil encontrar uma sociedade em que o assassinato aleatório de crianças seja encarado como coisa boa. Essa prática é tão rara que, caso encontrássemos um povo que cultivasse o infanticídio arbitrário como uma tradição, faríamos melhor investigando a prática propriamente dita do que concluindo imediatamente que esse povo considera o assassinato de crianças virtuoso em si. Talvez ele acredite, por exemplo, que os deuses pedem o sacrifício de uma criança para fazer as plantações crescerem. Investigando mais a fundo, talvez descobríssemos que esse povo deseja as mesmas coisas que nós, como saúde, riqueza e felicidade, tendo simplesmente maneiras estranhas (e tragicamente errôneas) de procurar alcança-las.



Sempre que duas culturas se encontram e discutem moral, temos a evidência de um denominador comum. Se duas culturas diferentes nada tivessem em comum em sua moral, um diálogo moral jamais poderia se iniciar entre elas. Nenhuma cultura é uma ilha, e até hoje sempre nos foi possível estabelecer relações morais diplomáticas com sociedades recém-descobertas. Até uma relação de ódio mútuo fornece um denominador comum, pois revela, pelo menos, que os oponentes estão considerando o mesmo tipo de coisa em sua contenda. Da mesma maneira, se não houvesse graus de temperatura acerca dos quais pudéssemos concordar, em cuja base duas pessoas pudessem ambas opinar que o vento ou a água estavam quentes ou frios, elas nunca teriam como divergir. É porque compreendemos os termos “quente” e “frio” e concordamos quanto a seu significado que podemos ter uma discussão quando desejamos aplica-los diferentemente em determinado caso. Desacordos requerem acordos em algum momento anterior:



É certamente possível que as florestas tropicais abriguem tribos que, após receber o apoio de um astro pop e tendo visto o que outras culturas têm a oferecer, prefeririam permanecer no estado de natureza e continuar a viver de castanhas e lagartas, suportando alegremente as devastações da malária e a exposição prolongada aos elementos da natureza. Se estão dispostas a suportar essa situação para preservar suas tradições, essa é a sua escolha, embora devamos perguntar se é a escolha do povo ou meramente a de seus líderes (que talvez sejam os que mais teriam a perder se as estruturas básicas das sociedade mudassem). Se isso é o que o povo quer, e o que sucessivas gerações querem, talvez ele possua um código moral fundamentalmente incomensurável com o nosso. Essa conclusão seria ainda mais forte se as tradições desse povo incluíssem o infanticídio, o incesto e o assassinato habitual. É possível que existam sistemas sociais em que essas práticas representem o ápice da virtude, mas os antropólogos nunca as descobriram. Caso um dia fossem descobertos, e suas práticas revelassem não refletir crenças errôneas sobre deuses ou plantações, o mais sensato seria supor não que essa era a moral desse povo, mas que ele não tinha a moral como parte de sua cultura.



Protágoras poderia ter concordado com essa idéia. Ele pensava que as crenças de um indivíduo nunca podiam ser harmonizadas com as de outro, pois diziam respeito, em cada caso, a coisas completamente diferentes. O que não compreendeu foi que tal estado de coisas impediria por completo a comunicação ente nós, pois a comunicação exige um denominador comum. Embora possamos não saber qual deveria ser a medida verdadeira, objetiva, das coisas, não a descobriremos depreciando as idéias dos demais como verdadeiras apenas para eles. Por mais respeito que essa atitude demonstre para com as crenças dos outros, também demonstra desrespeito por suas capacidades como seres pensantes.


Não deixe de ler o artigo ZENÃO E A TARTARUGA que será postado em breve